O antigo Coordenador sub-regional da FAO para África Central, Hélder Muteia, revelou que cerca de 1,3 milhões de toneladas de comida são desperdiçadas, anualmente, em todo o mundo.

Falando Sexta-feira (29/04), em Namaacha, província sulista moçambicana de Maputo, Muteia disse que com um terço das quantidades de comida que o mundo desperdiça anualmente, seria possível alimentar os cerca de 828 milhões de pessoas que possam fome em todo mundo.
Para Muteia, o nível de desperdício da comida varia em função dos índices do desenvolvimento de cada grupo de países. Nos países mais pobres os desperdícios acontecem porque faltam infra-estruturas, as colheitas são deficitárias, o transporte é feito em condições precárias, sujeitas à chuvas, altas temperaturas e, depois, temos roedores e muitas pragas que acabam destruindo [as colheitas],” explicou Muteia.
Num outro desenvolvimento, Muteia considera que “já nos países mais desenvolvidos, o desperdício vem no momento da comercialização e do consumo, motivados por questões culturais e recreativas, entre outros festivais em que os alimentos são somente deitados fora. Então nos países mais pobres o desperdício ocorre no início da cadeia e nos países mais ricos ocorre no fim da cadeia”.

Hélder Muteia falava durante a aula de sapiência subordinada ao tema: Promovendo uma Agricultura Baseada em Tecnologias Rumo à Fome Zero: O Contributo das Instituições do Ensino Superior em Moçambique, dada por ocasião da IX Cerimónia de abertura do ano académico na Universidade Aberta InSCED.
A fonte disse ainda que para África, há mais de 278 milhões de pessoas que passam fome aguda e mais humilhante. Há também 2,3 milhões de pessoas que passam fome moderada.
“Muitos, em Moçambique, estão nessa situação. Estão naquele luta, [estão] na tangente em que quando conseguem um prato para comer dizem graças a Deus”, vincou.
Muteia entende que para a erradicação do problema da fome, primeiro, deve haver um compromisso global com a Fome Zero; segundo, é um compromisso global sobre o clima; compromisso com a adopção de novos paradigmas institucionais, para reformular e corrigir o adopção paradigma; e na busca de novas soluções tecnológicas.
“Nas instituições do ensino superior, para além de contribuir com os desafios já mencionados, deve haver uma aposta muito concreta na produção, porque ela é decisiva. É a disponibilidade de alimentos que precisamos para satisfazer essa demanda demográfica”, sublinha.
(AIM)
SC/JSA