Os transportadores moçambicanos que operam na rota Maputo/Durban, na vizinha África de Sul, decidiram interromper temporariamente as actividades neste domingo devido a insegurança que reina em algumas estradas daquele país vizinho.

A decisão surge na sequência de ataques perpetrados por grupo de malfeitores desconhecidos, ainda monte, que incendeiam viaturas de cidadãos moçambicanos, incluindo autocarros de passageiros com destino a cidade de Durban.
O ultimo incidente teve lugar no ultimo Sabado (28/01) a cerca de 90 quilómetros da fronteira da Ponta D’ Ouro, que separa ambos os países. Além de atear fogo as viaturas, os malfeitores levaram parte de seus bens, incluindo valores monetários.

A administradora do distrito de Matutuíne, Juliana Mwuitu, citada pela Televisão Moçambique (TVM), confirmou o ocorrido e explica os contornos que envolveram o infortúnio.
“É do lado da entrada de Durban onde deu-se o ataque, a aproximadamente 90 quilómetros da fronteira e foram incendiadas viaturas de alguns moçambicanos, em número de seis”, disse Mwuitu, acrescentando que tudo indica que o caso tem ligações com as manifestações perpetradas por grupos de malfeitores contra cidadãos moçambicanos.

As vítimas foram socorridas pelas autoridades sul-africanas e escoltadas de regresso à fronteira da Ponta D’ Ouro. Sobre o assunto, as autoridades policiais prometeram pronunciar-se brevemente.
Este é o segundo caso de queima de viaturas na vizinha África do sul em menos de uma semana. O primeiro ataque foi reportado na terça-feira da semana passada quando um camião e um autocarro foram incendiados na estrada R22 entre Hluhluwe e Mbazwana, norte da província de KwaZuluNatal, como forma de protesto contra os elevados índices de crimes alegadamente cometidos por cidadãos moçambicanos.
O jornal sul-africano TimesLive cita fontes na sua página online como tendo dito que a acção de protesto de sul-africanos na zona foi desencadeada por residentes em Hlabisa, Umhlabuyalingana e outras áreas próximas da fronteira de Moçambique.

A comunidade está alegadamente cansada de pouca ou nenhuma acção por parte das autoridades para refrear o roubo de viaturas que depois são introduzidas ilegalmente em Moçambique. Alega-se que nas últimas semanas houve um aumento do roubo de automóveis nas áreas, tendo como preferido os carros utilitários e carrinhas de caixa aberta.
Além de atear fogo as viaturas, os malfeitores levaram parte dos bens dos passageiros, incluindo valores monetários. Sobre o assunto, o responsável pela Comissão dos Transportadores da Junta, Jonas Fumo, explicou à AIM que os operadores nacionais e os que usam viaturas de matrícula nacional interromperam, temporariamente, as viagens com destino à Durban por conta dos últimos incidentes.
Segundo a fonte, até ao meio dia deste domingo, só haviam saído três carros, cujas transportadoras são empresas sul-africanas, isso porque “os transportadores com chapas de matrícula nacionais receiam deslocar-se à África do sul usando a fronteira da Ponta D’ Ouro”.
João Mondlane é um transportador que faz a rota Maputo/Durban e com terminal na Baixa da capital moçambicana. Encontramo-lo momentos depois do desembarque de passageiros vindo de Durban, uma viagem que, em condições normais, devia ter feito sábado.
Mondlane, que é testemunha ocular do incidente registado sábado, conta o “drama” que, segundo ele, os moçambicanos vivem na estrada com destino à Durban. “Os carros estão a queimar, as pessoas estão a morrer. Eu escapei por uma distância de apenas 300 metros”, narra Mondlane, que agradece o gesto de um condutor que o alertou sobre o que estava a suceder mais afrente.

“Veio um carro [no sentido contrário] e deu sinal para que eu parasse, só que eu não parei e o condutor fez um ‘U’ e seguiu-me para explicar que não devia seguir com a viagem porque um carro igual ao meu estava a ser incendiado mais a frente”, contou.

“Quando o senhor [o condutor] mencionou os carros que estavam a queimar, eu disse logo que esses são os carros que acabavam de me ultrapassar”, acrescentou. A fonte explica que por uma questão de segurança decidiu mudar de rota e regressar a Maputo via Eswatini.
Mondlane diz que a viagem por aquela via deixou de ser segura e apela uma intervenção das autoridades competentes para que, através do diálogo, possam devolver a situação à normalidade.
Actualmente, nos terminais Internacionais da cidade de Maputo, nomeadamente o da Baixa e Junta, nenhum carro com matrícula moçambicana parte com destino a cidade de Durban. O receio de viajar para Durban, paira igualmente no seio dos passageiros, tanto que, segundo dizem os transportadores, “os terminais estão às moscas porque ninguém quer arriscar”.
(AIM)
Telinforma/JSA