A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) repudia veementemente os actos contidos num vídeo posto a circular nas redes sociais, apresentando militares a atirar corpos de pessoas falecidas em escombros em chamas, na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
O vídeo, que circula há vários dias, mostra vários soldados, um dos quais com uma bandeira sul-africana na sua braçadeira, atirando dois corpos para uma fogueira, aparentemente feita de bens apreendidos numa base de terroristas.
Os soldados aparentam ser membros da Missão Militar da SADC em Moçambique (SAMIM) que se encontram a operar no país desde 15 de Julho de 2021, em Cabo Delgado, como resposta regional de apoio à Moçambique no combate ao terrorismo e extremismo violento.

Reagindo as imagens, o Chefe de Estado da Namíbia e Presidente do Órgão de Cooperação nas Áreas de Política, Defesa e Segurança da SADC, Hage Geingob, anuncia em comunicado que a liderança da SAMIM já deu início a investigações para estabelecer as circunstâncias sobre o assunto, cujo resultado será partilhado, uma vez concluídas.
“Desejo ainda sublinhar categoricamente que a SADC não compactua com os actos reflectidos no vídeo e, uma vez concluídas as investigações, a SADC tomará as medidas apropriadas, em conformidade com o Direito Internacional sobre Conflitos Armados”, afirma Geingob.
Segundo o estadista namibiano, as forças da SAMIM sempre se orientaram de forma profissional, eficiente e responsável, em conformidade com as leis aplicáveis e as Regras de Empenhamento que regem as operações da missão da SADC em Moçambique “Em nome da SADC, e de facto em meu nome próprio, gostaria de reiterar o compromisso da SADC para com a paz e a segurança na região”, refere a mensagem.

Geingob garante que a SADC continuará a apoiar Moçambique, através da SAMIM, no combate ao terrorismo e actos de extremismo violento em Cabo Delgado, neutralizando a ameaça terrorista e restaurando a segurança, a fim de criar um ambiente seguro e preparar o caminho para um desenvolvimento sustentável de Moçambique e da região da SADC. Refira-se que desde o desdobramento da SAMIM, regista-se melhoria significativa na situação humanitária e de segurança em Cabo Delgado, resultando no regresso das pessoas deslocadas internamente às suas áreas de origem.
Desde a sua eclosão em Outubro de 2017, os ataques terroristas já provocaram a morte de mais de três mil pessoas, a maior parte das quais civis inocentes. Os ataques também levaram mais de um milhão de pessoas a abandonar as suas zonas de origem a procura de locais mais seguros.
Graças à intervenção das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, apoiadas pela SAMIM e Força de Defesa do Ruanda, foi possível restaurar a autoridade do Estado nas áreas que haviam sido tomadas pelos terroristas. Por isso, nos últimos tempos assiste-se a um movimento no sentido contrário, ou seja o regresso das populações às suas residências.
(AIM)
Telinforma/JSA