Moçambique/Quaresma: Presidente Nyusi Defende que Celebrações Constituem Oportunidade de Reflexão Profunda

O Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, considera que as celebrações de Sexta-feira Santa são o culminar de uma etapa longa de Quaresma que constitui oportunidade de reflexão profunda para toda a comunidade Cristã.

Segundo escreveu Sexta-feira (15/04) na sua conta do Facebook, o Estadista moçambicano refere que ‘’os Cristãos de todo o mundo e do nosso país, em particular, celebram a Sexta-feira Santa, data que, segundo as escrituras bíblicas, marca o ponto mais alto do sacrifício de Jesus Cristo e demonstra a enorme paixão que teve com a humanidade’’.

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Filipe Nyusi, Presidente da Republica de Moçambique

Para Nyusi, ‘’a Sexta-feira Santa é o culminar de uma etapa longa de Quaresma, em que os cristãos recordaram a vida e obra de Cristo, que na cruz morreu pela salvação dos Homens, e antecede a sua ressurreição, volvidos três dias, momento que assinala o Domingo de Páscoa’’.

Num outro desenvolvimento, Nyusi considera que ‘’estas celebrações constituem oportunidade de reflexão profunda por toda a comunidade Cristã em torno de valores como o sacrifício, compaixão, solidariedade e amor pelo próximo que Jesus Cristo sempre pregou aos seus discípulos e fiéis’’.

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‘’Trata-se de valores que ainda hoje se mostram relevantes e podem servir de fonte de inspiração para que os moçambicanos se empenhem na construção de uma sociedade harmoniosa e de bem-estar que Jesus Cristo sempre procurou proporcionar com o seu sacrifício’’, lê-se ainda na sua mensagem deixada para internautas.

Por último, Nyusi escreve que ‘’em nome do Governo, da minha família e no meu próprio, desejo a todos os Cristãos moçambicanos, no país e na diáspora, assim como os de todo o mundo, uma feliz Sexta-feira Santa de reflexão, fé e muito amor ao próximo!’’.

A Quaresma é um período do calendário litúrgico geralmente com duração de 40 dias, mas que alguns outros a estendem por alguns dias e serve como preparação para a Páscoa, a festa que celebra a ressurreição de Jesus. A Quaresma foi estabelecida, em 325 d.C, pelas autoridades da Igreja Católica no Primeiro Concílio de Niceia.

Os historiadores não sabem ao certo o porquê da Quaresma ter sido estabelecida com 40 dias de duração, mas acredita-se que tenha alguma relação com eventos narrados na Bíblia. O número 40 tem grande importância no livro sagrado dos cristãos, uma vez que o jejum de Jesus no deserto deu-se por 40 dias, Elias fez uma viagem de 40 dias, os hebreus demoraram 40 anos para cruzar o deserto, o dilúvio durou 40 dias e 40 noites, entre outros casos.

Historiadores como Daniel Neves Silva defendem claramente ser ‘’praticamente impossível reconstituir como exactamente surgiu a Quaresma e de quais práticas precisamente ela derivou’’. O que existem actualmente são algumas fontes históricas que permitem o levantamento de alguns indícios. O ponto de partida é o estabelecimento da Quaresma enquanto prática das Igrejas Cristãs.

IMPÉRIO BIZANTINO

A Quaresma se tornou prática da Igreja no ano de 325 d.C., portanto, no século IV. Isso aconteceu durante o Primeiro Concílio de Niceia, evento realizado no Império Romano do Oriente (conhecido como Império Bizantino a partir do século V) que reuniu os grandes bispos da Igreja para discutir questões relevantes ao cristianismo da época.

Nesse concílio foi estabelecida a data da Páscoa,  e usou-se o equinócio da primavera e as fases da Lua como marcos para determinação de qual dia seria celebrada essa importante festa cristã. Nesse concílio também, segundo documentos elaborados pelos participantes, estabeleceu-se a Quaresma.

Em um dos documentos, mencionava-se tessarakonta, palavra grega que significa “quarenta”. Ela foi usada para referir-se ao que conhecemos como Quaresma, estabelecendo, então, essa prática importante do cristianismo. Não se sabe como se deu a assimilação da Quaresma, mas sabe-se que se tornou prática importante dos cristãos durante a Idade Média.

Muitos historiadores acreditam que a Quaresma foi resultado da evolução de práticas pré-pascais que existiam nos séculos III d.C. e IV d.C., nas regiões onde o cristianismo era influente: Turquia,  Grécia, Egito etc.

Fala-se, por exemplo, que em alguns locais era comum que jejuns fossem realizados dias antes da Páscoa. Nesse caso, a influência das práticas pré-pascais mais a influência do número 40 podem ter resultado no estabelecimento da Quaresma. Entretanto, existem também historiadores que apontam que os jejuns pré-pascais não tinham relação directa com a Quaresma e que ambos coexistiram depois do Concílio de Niceia.

Acredita-se que foi durante o pontificado de Gregório I (590-604) que se decidiu que o marco inicial da Quaresma seria a Quarta-feira de Cinzas.

Quando se de Quaresma, refere-se nos referindo àquele período de 40 dias que serve como antecipação e preparação para a Páscoa, a celebração mais importante do calendário litúrgico dos cristãos. A forma mais conhecida da Quaresma tem seu início estabelecido na Quarta-feira de Cinzas,e seu término, no Domingo de Ramos, marcando exactamente 40 dias corridos.

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Papa Paulo VI. Fonte: OPovo/AFP

Outras tradições acabaram se estabelecendo ao longo do tempo, e existem aqueles que entendem a Quaresma como um período que se estende até o Sábado de Aleluia, totalizando 46 dias. O papa Paulo VI, por exemplo, entendia-a como um período que durava até a Quinta-feira Santa, portanto, 44 dias. O papa Paulo VI comandou a Igreja Católica de 1963 a 1978.

A duração precisa da Quaresma não é o detalhe mais importante, mas, sim, o seu significado para os fiéis. Por ser um momento de preparação para a Páscoa, a Quaresma é tida como um momento de penitência. Assim, neste período, recomenda-se aos fiéis a realização de jejuns, obras de caridade e que as práticas de leitura da Bíblia e de oração sejam reforçadas.

A realização de penitências durante a Quaresma é entendida pelos cristãos como uma forma de santificação, afastando-se de práticas pecaminosas e aproximando-se de Deus. Assim, por meio do jejum, por exemplo, os cristãos acreditam fortalecer seu autocontrole e desenvolver resistência a situações difíceis que podem aparecer na vida.

A prática da Quaresma começou a estabelecer-se quando a Igreja era apenas uma (católicos e ortodoxos separaram-se no século XI, e os protestantes surgiram no século XVI). Assim, a prática é realizada tanto por católicos como por ortodoxos, luteranos, anglicanos e outros protestantes.

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(AIM)

JSA