Por: Paulo Cossa, da AIM
Dois grupos de estudantes universitárias foram vencedores, Quarta-feira em Maputo, do concurso, intitulado ‘’24 Horas das Mulheres Inovadoras’’ promovido no âmbito das celebrações do 07 de Abril, Dia da Mulher Moçambicana. O concurso de um dia consistia na produção de trabalhos de pesquisa e apresentação de possíveis soluções para alguns problemas que afligem a sociedade moçambicana.
O concurso patrocinado pela Embaixada da França em parceria com a Universidade Pedagógica de Maputo (UPM) saldou em prémios para dois projectos científicos, com um valor pecuniário de 78 mil meticais (1.222 dólares). O grupo classificado em primeiro lugar recebeu um total de 48 mil meticais e o segundo grupo premiado recebeu 30 mil meticais.
Candidataram-se cerca de 150 meninas de várias universidades, deste número 20 alunas repartidas em cinco grupos foram apuradas para a fase final, tendo sido classificados os dois melhores trabalhos.
Jenny Cossa, uma das integrantes do grupo vencedor, com o tema intitulado “Gestão de transportes rodoviários nos municípios de Maputo e Matola’’ enaltece a experiência adquirida durante as 24 horas de alta pressão. ‘‘O nosso tema aborda o drama vivido pelos munícipes das duas cidades no acesso ao transporte público rodoviário e ferroviário. Constatamos vários problemas relacionados com as enchentes nas paragens, insuficiência dos transportes, má qualidade das vias, linhas férreas em desuso, entre outros’’, declarou.
Por seu turno, a colega do mesmo grupo, Albertina Tembe, arrolou as propostas para minimizar o drama. ‘‘A grande chave mestre do sistema de gestão de transporte rodoviário e ferroviário integra o uso da tecnologia, através da instalação de GPS’s nos autocarros e câmaras de vigilância nas vias. Estes mecanismos vão permitir monitorar o estado do trânsito e a localização dos transportes’’, explicou.
Segundo o Reitor da Universidade Pedagógica, Jorge Ferrão, o evento destaca o potencial da mulher na identificação de problemas e na busca de soluções em benefício da sociedade. ‘‘Este é um projecto de extensão que começa aqui dentro e realizado fora do espaço académico. É uma forma de encerrar o mês da mulher, por isso, tem um simbolismo importante’’, disse Ferrão.
Num outro desenvolvimento, Ferrão revelou que ‘’a nossa universidade tem 56 por cento de mulheres contra 44 por cento de estudantes do sexo masculino. Em termos de género caminhamos para uma instituição de um ensino com uma maior representatividade feminina’’.
Para Ferrão, é pouco comum o número de mulheres superar o dos homens, razão pela qual a UPM deve repensar nela própria sobre aquilo que vai fazer. “Isso passa por ajustar todo o plano temático, curricular e estratégico para capitalizar e acomodar este grande número. No próximo ano, se tudo correr bem, podemos atingir 60 por cento de estudantes femininos contra 40 por cento homens”, rematou.
Ferrão considera ser urgente a implementação do plano estratégico de pós-graduação, pois a percentagem de estudantes femininos nas universidades não se reflecte no mercado do emprego, ou seja, há inversão de dados visto que a mulher tem pouca representatividade em relação ao homem.
‘‘O nosso foco é fazer com que os estudantes possam dar sequência dos cursos que fazem nas faculdades, pois após a graduação são obrigados a ir para um mercado de trabalho inexistente. Para evitar essa situação abrimos a possibilidade de elas fazerem a pós-graduação e continuarem a fazer pesquisas para servirem o país’’ sublinhou.
A Adida de Cooperação Científica e Universitária da Embaixada da França, Aurelie Tshibangu, considera que os projectos vencedores não serão implementados, tendo em conta o tempo de estudo. Ademais, o objectivo do concurso era de apenas estimular a pesquisa. ‘‘As estudantes foram submetidas a 24 horas de muita pressão e adrenalina com a missão de identificar problemas sociais e propor soluções’’, disse.
(AIM)
POC/JSA