Por: Anchieta Maquitela, da AIM
Pelo menos 600 mil pessoas das províncias moçambicanas de Niassa e Nampula, no norte, e da Zambézia, Sofala Manica e Tete, no centro, poderão ser, directa ou indirectamente afectadas pelo ciclone tropical que se formou nos últimos dias a leste de Madagáscar.
Segundo anunciou hoje, o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), em Maputo, a depressão tropical que se formou nos últimos dias no leste de Madagáscar já atingiu o canal de Moçambique.

O meteorologista do INAM, Acácio Tembe, em declarações `a Imprensa, disse que há previsão do sistema transformar-se em tempestade tropical severa na Segunda-feira, dia 24 de Janeiro corrente, com ventos entre 100 a 120 quilómetros por hora e precipitação acima de 100 milímetros, podendo ir ate’ 200 milímetros diariamente, durante quatro dias.
A fonte considera que o sistema poderá entrar pelo distrito de Angoche, província nortenha moçambicana de Nampula, mas terá efeitos por muito mais zonas uma vez que o raio de acção é muito grande podendo afectar as províncias de Nampula e Niassa, no norte, e da Zambézia, Sofala, Manica e Tete, no centro do Pais.

″Neste momento este sistema já está no canal de Moçambique e devido ao aquecimento das águas superficiais no Canal de Moçambique, vai continuar a evoluir como depressão tropical chegando ao estado de tempestade tropical, sendo que as projecções já mostram que ele vai entrar pela província de Nampula precisamente por Angoche″, explicou.
″Para os dias 24 e 25 de Janeiro de 2022, prevê-se a ocorrência de chuvas fortes a muito fortes nas províncias de Nampula, Zambézia, Niassa, Sofala e Tete com precipitação acima de 100 mm″, disse Tembe, para quem ”já nos dias 26 e 27 de Janeiro de 2022, prevê-se a ocorrência de chuvas fortes a muito fortes nas províncias de Tete, Manica e Sofala com precipitação acima de 100 mm”.
Tembe falava à margem da reunião do Instituto Nacional de Gestão e Redução de Risco e Desastres (INGD) que analisava os possíveis efeitos da tempestade, para Moçambique. Segundo dados anunciados pelo INGD, que estima em pelo menos 600 mil pessoas a serem afectadas, a forte tempestade tropical que se pode transformar num ciclone nas próximas horas vai afectar também um total de 300 escolas entre primárias e secundárias e 76 unidades sanitárias.
Reunido hoje, em Maputo, em Conselho Técnico, o INGD determinou ainda a partida de equipas multissectoriais para as zonas em risco, visando o reforço dos trabalhos em curso, nomeadamente, o pré-posicionamento de meios para socorrer a população.
Falando a jornalistas, momentos após a reunião, o director Nacional-Adjunto do Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE), António Beleza, disse estarem em preparação planos de resposta com base nas estimativas e impactos esperados com a passagem ou aproximação da tempestade.
O INGD criou equipas multi-sectoriais para apoiar as populações que poderão ser afectadas. De acordo com Beleza, uma das principais missões das equipas é trabalhar com as autoridades locais apoiando-as na sensibilização da população para se retirar das zonas de risco a fim de se evitarem perdas humanas.
″Já posicionámos bens e meios em alguns locais considerados estratégicos e, dependendo das actualizações, vamos reposicioná-los melhor. Vamos, igualmente, avaliar as vias de acesso que poderão ser afectadas para não termos problemas no momento de dar resposta à população″, referiu.
Por seu turno, o representante da Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos, Agostinho Vilanculos, disse à imprensa que, devido à passagem do ciclone tropical, existem duas bacias em risco de inundações nomedamente Licungo e Zambeze.
″Das análises que efectuamos usando a trajectória daquilo que o sistema vai percorrer, temos a bacia do Licungo como sendo a que corre maior risco sendo que neste momento esta bacia está com um metro abaixo do alerta, sinal de que está com caudais muito altos e recebendo precipitações de grande magnitude. Acreditamos que pode superar o alerta e criar situação de transbordo″, anotou.
Vilanculos acrescentou que na bacia do Zambeze, o risco é considerado moderado a alto uma vez que existe a barragem de Cahora Bassa que desempenha um papel importante para mitigar os impactos jusantes através das descargas, com capacidade para descarregar cerca de 16 mil metros cúbicos por segundo.
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(AIM)
AMQ/JSA