Por: Rosa Inguane, da AIM, em Nampula
O Presidente da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) de Moçambique, Armindo Ngunga, defende que os deslocados internos, actualmente pouco mais de 800 mil, sejam colocados em assentamentos humanos rurais integrados e auto-suficientes.

Para Armindo Ngunga, a condição de deslocado não deve eternizar-se e, por isso, entende que a filosofia mais condizente seja a de proporcionar aos visados colocação em locais onde desfrutem de infra-estruturas, serviços básicos e possibilidade de garantirem o seu auto-sustento.
O também académico disse a jornalistas, na segunda-feira (22/11), na cidade de Nampula, no norte de Moçambique, que acredita que esta perspectiva tem futuro garantido para o que é exigida a concertação de acções dos governos locais, razão da realização de um encontro com os responsáveis distritais das áreas de actividades económicas e de infra-estruturas.
“É muito importante que a pessoa organize o seu local de residência, estamos a falar de assentamentos humanos organizados, com arruamentos, parques infantis, infra-estruturas básicas, isso diz-nos que estamos a caminhar para o desenvolvimento. Apesar da liberdade de cada um viver onde quiser, há normas de como deve estar”, defendeu.
A fonte entende que “a partir daí a estrada ligará esses assentamentos humanos, a energia trará mais gente, o hospital e escola serão construídos, então, a nossa visão e preocupação de desenvolvimento resumem-se na forma como nos organizamos nossos assentamentos humanos e aldeias”.
Por outro lado, Armindo Ngunga explica que é preciso apostar numa ideia mais pragmática sobre os deslocados internos, com metas claras sobre o horizonte temporal nessa condição.

‘’As pessoas não podem ficar como deslocadas definitivamente, por exemplo, depois de um ciclo produtivo e quando constrói uma casa, como vimos no campo de reassentamento de Corrane, em Nampula. Precisamos de ter uma visão diferente e é o que estamos a fazer em Cabo Delgado, quem está no reassentamento, depois de algum, tempo tem de produzir e deixar de depender de apoio que poderá ser providenciado para outras pessoas que entram nessa condição. Portanto, o deslocado tem de ter um prazo para ser considerado como tal”, explicou Ngunga.
Num outro desenvolvimento, Ngunga esclareceu que os encontros em curso com responsáveis distritais pretendem desenvolver uma ideia comum para o alinhamento das estratégias de desenvolvimento na zona norte.
“Na ADIN temos ideias sólidas, por isso, estamos a partilhar essa visão, queremos saber o que os distritos têm e como podemos estar alinhados na filosofia e teoria de elaboração dos projectos. Portanto estes encontros são precisamente para evitar a colisão de programas”, anotou.
Sobre a reconstrução da província de Cabo Delgado, após a destruição protagonizada por terroristas, o Presidente da ADIN disse que há casos em que os recursos estão a ser solicitados a parceiros, mas há também que utilizar os já existentes.
“ADIN vai ter um papel importante sim, mas a reconstrução de Cabo Delgado, hoje não é apenas de âmbito provincial, é nacional e até internacional. Daí os apelos aos parceiros. Das cinzas queremos fazer o melhor possível para que na reconstrução as aldeias sejam melhores do que as que foram destruídas. Por isso, esta visão de melhoria de assentamentos humanos é muito importante”, concluiu.
A ADIN foi criada em Março de 2020 e tem como objectivo a coordenação, articulação interinstitucional e gestão de programas, visando o desenvolvimento socioeconómico e integrado da região norte de Moçambique.
A iniciativa abrange as três províncias da região norte de Moçambique, designadamente: Cabo Delgado, Niassa, e Nampula, que congrega 10.4 milhões de habitantes, cerca de 36 por cento da população total do país, num território de 290,691 quilómetros quadrados.
A prevalência da pobreza na província de Cabo Delgado é de 50 por cento, Niassa, 67 e Nampula, 65.
A cobertura da protecção social em Cabo Delgado é de 17 por cento, Niassa 13 e Nampula 24.
(AIM)
RI/JSA