A Corporação Financeira Internacional (IFC, sigla inglesa), membro do Banco Mundial, anunciou estar concluído o pacote de empréstimos que vai financiar a maior central eléctrica construída em Moçambique, após a independência.
“A IFC assinou um pacote de dívida de 494 milhões de dólares para a central de Temane, na província de Inhambane [sul de Moçambique]”, lê-se num comunicado desta entidade a que a Lusa teve acesso.
O empreendimento vai ser abastecido por gás natural em exploração há vários anos nas jazidas de Temane, mas que tem sido canalizado sobretudo para a África do Sul.
Com uma capacidade de 450 megawatts (cerca de um quinto da hidroeléctrica de Cahora Bassa [na província central moçambicana de Tete]), o investimento na central de Temane é justificado pela IFC como “crítico” para apoiar o “acesso à electricidade” num país onde só cerca de 10 dos 30 milhões de habitantes recebem energia.
As expectativas do IFC são grandes, dado que o projecto mereceu boa pontuação quando estava a ser estudado e alinha-se com a meta do Governo de abastecer 64 por cento da população até 2024.
“O projecto demonstra um esforço integrado e bem coordenado para alavancar os recursos do Grupo Banco Mundial com uma abordagem de cascata, ou seja, de envolvimento conjunto de parceiros”, lê-se no documento.
Segue-se o cumprimento de cláusulas para o desembolso num emreendimento de construção exigente, num contexto macro-económico e sectorial altamente desafiador”, acrescenta.
O pacote de empréstimos inclui vários parceiros. O IFC empresta 100 milhões de dólares, enquanto a Corporação Financeira dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (DFC) e o fundo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) entram lado a lado no projecto com créditos paralelos de 241 milhões de dólares.
O fundo Emerging Africa Infrastructure, que junta entidades do Banco Mundial e alguns países, e o banco de desenvolvimento holandês FMO entram com uma outra parcela de 76,5 milhões de dólares.

O pacote de 494 milhões de dólares fica fechado com outros empréstimos e instrumentos financeiros (‘swaps’ de taxas de juros) da IFC no valor de 77 milhões de dólares.
O projecto da Central Eléctrica de Temane é propriedade da empresa Globeleq (64,6 por cento), da Electricidade de Moçambique (EDM) (20,4 por cento) e da petrolífera estatal sul-africana Sasol (15 por cento) – que explora as jazidas de gás de Temane.
O consórcio vai construir a central e ficará com a respectiva concessão durante 25 anos, vendendo a energia eléctrica à EDM.
O projecto inclui uma linha de transmissão de 25 quilómetros (400KV) que será operada por uma subsidiária da EDM. Esta está ainda a desenvolver e a construir uma nova linha de transmissão de 563 quilómetros até Maputo, financiada pela Associação de Desenvolvimento Internacional (IDA).
(AIM)
FF