O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, felicitou Quarta-feira (20) a escritora Paulina Chiziane pela conquista do Prémio Camões 2021 que diz reconhecer a mestria da sua escrita.
“É um merecido reconhecimento à obra desta escritora que com grande mestria tem sabido retratar o país”, escreveu Nyusi numa mensagem publicada na sua conta de Facebook.
A escritora moçambicana Paulina Chiziane é a vencedora do Prémio Camões 2021, numa escolha feita por unanimidade, anunciou esta quarta-feira a ministra portuguesa da Cultura, Graça Fonseca, para quem a decisão destaca a “vasta produção e recepção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional”.
O Prémio Camões foi atribuído a Paulina Chiziane, primeira mulher e escritora moçambicana a publicar um romance (em 1990) e autora que narrou, criticamente. Actualmente com 66 anos, e nascida em Manjacaze, província sulista moçambicana de Gaza, Paulina Chiziane cresceu nos subúrbios da cidade de Maputo.

Em 33 anos, é a terceira vez que o prémio é atribuído a um autor moçambicano, depois das distinções de José Craveirinha em 1991 e Mia Couto em 2013.
“No seguimento da reunião do júri da 33.ª edição do Prémio Camões, que decorreu no dia 20 de Outubro, a ministra da Cultura anuncia que o Prémio Camões 2021 foi atribuído à escritora moçambicana Paulina Chiziane”, lê-se na nota informativa divulgada esta quarta-feira.
O júri decidiu por unanimidade atribuir o prémio à escritora moçambicana Paulina Chiziane, destacando a sua vasta produção, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra.
O júri lembrou igualmente a importância que a autora dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana.
Também o trabalho recente de aproximação aos jovens de Paulina Chiziane— através da construção de pontes entre a literatura e outras artes — foi destacado.
Paulina Chiziane “está traduzida em muitos países e é hoje uma das vozes da ficção africana mais conhecidas internacionalmente, tendo já recebido vários prémios e condecorações”, conclui-se na mensagem.
O painel de jurados era composto pelos professores universitários Ana Martinho e Carlos Mendes de Sousa (Portugal), pelo escritor e investigador Jorge Alves de Lima e pelo professor universitário Raul César Fernandes (Brasil) e pelos escritores Tony Tcheka (Guiné-Bissau) e Teresa Manjate (Moçambique).
Já o Prémio Camões foi, na sua génese, instituído em 1988 por Portugal e pelo Brasil com o objectivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a projecção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum”.
Entre os vencedores das 32 edições anteriores do prémio estão, entre outros, autores como Miguel Torga (1989), Vergílio Ferreira (1992), Jorge Amado (1994), José Saramago (1995), Eduardo Lourenço (1996), Pepetela (1997), Sophia de Mello Breyner Andresen (1999), Rubem Fonseca (2003), Agustina Bessa-Luís (2004), António Lobo Antunes (2007) e Raduan Nassar (2016). Os vencedores mais recentes foram Vítor Aguiar e Silva (2020), Chico Buarque (2019), Germano Almeida (2018) e Manuel Alegre (2017).
Quando em 1990 publicou um primeiro livro em Moçambique, intitulado Balada de Amor ao Vento, Paulina Chiziane tornou-se a primeira mulher com um romance publicado no país. Desde aí foi-lhe atribuído o título de primeira romancista de Moçambique, ainda que a autora preferisse não ser tratada como romancista — antes de Balada de Amor ao Vento, aliás, já se dedicara aos contos (publicados em jornais e revistas do país), que foi o primeiro género literário que explorou.
A edição mais recente de Balada de Amor ao Vento em Portugal foi feita pela Editorial Caminho, mas outras obras posteriores de Paulina Chiziane foram igualmente publicadas em Portugal, casos de Ventos do Apocalipse (publicado em Moçambique em 1993, em Portugal seis anos depois), O Sétimo Juramento ou aquela que foi a sua obra mais traduzida e lida, o romance feminista Niketche: Uma História de Poligamia.
(AIM)
Obs/JSA