
O Presidente da Republica de Moçambique, Filipe Nyusi, apelou aos moçambicanos que integraram grupos rebeldes em Cabo Delgado, para que deixem de fugir e se entreguem às Forças de Defesa e Segurança (FDS). Falando no dia das celebrações alusivas ao 5 de Outubro, Dia da Paz, em Moçambique, alusivo à assinatura do Acordo Geral de Paz, em 1992, entre o Governo e Renamo, esta, hoje, segunda maior força politica.
“Queríamos convidar para, sozinhos, não esperarem a morte por perseguição, não é essa intenção das FDS: de uma forma ordeira, entreguem-se, para não serem atingidos inocentemente, porque não têm para onde ir”, disse Nyusi.
Em Cabo Delgado, norte de Moçambique, uns foram recrutados, outros aderiram voluntariamente a grupos insurgentes, que agora parecem estar em debandada devido a um ofensiva militar conjunta.
“Saíram de uma aldeia destruída, já têm medo ou pena de voltar para lá e estão a correr de um lado para outro a ser perseguidos infinitamente”, disse Nyusi, face a operações militares com o apoio das forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que estão desde Julho a recuperar terreno aos insurgentes. As tropas ruandesas, em particular, têm contribuído para o sucesso no combate ao terrorismo no norte de Moçambique
“Viu-se isso antes de ontem”, sábado (02.10.), disse Nyusi, dando o exemplo de protecção à população durante um incidente com rebeldes. Segundo descreveu, foi uma “tentativa que pregou susto à população de Namitile onde o inimigo fez tiros para o ar para tentar recuperar algumas senhoras do Niassa”, província vizinha. “Essas senhoras estão connosco, vamos protegê-las e não podem ser resgatadas pelo inimigo”, disse.
Num outro desenvolvimento, Filipe Nyusi disse que, em Cabo Delgado, “os combates estão a acontecer” e fazem com que “o inimigo não encontre um espaço permanente”, depois da “destruição da base Mbau, Siri 1, Siri 2 e outras bases” onde o “inimigo se escondia”. “Temos a certeza que há dirigentes ou líderes dessas forças que estão a fugir, até para fora do país”, acrescentou.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Por outro lado, o Presidente moçambicano também apelou esta segunda-feira (04.10.) a Mariano Nhongo, líder da Junta Militar dissidente da RENAMO, no centro do país, para que se entregue, prometendo-lhe integração no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR). “Outro apelo [faço] ao Nhongo: que não fique também à espera para que algo de estranho lhe aconteça. Isso seria a maior desgraça para nós”, vincou Filipe Nyusi.
“É que, tanto num caso como noutro, as fugas, em vez da entrega das armas, encerram em si o risco de perseguição pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS)”, acrescentou.
O chefe de Estado descreveu um episódio de perseguição a Nhongo, no dia 28 de Setembro, em Inhaminga, em que o líder de ex-guerrilheiros foi “corrido de um lado para outro, até se esquecer do casaco”. “Tem de se entregar. Faz o DDR [processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração] e organiza a sua vida”, referiu Nyusi, assinalando que pode escolher em que local do país pretende retomar a sua vida.
(AIM)
Res-Impr/JSA